Educação
7 Set 2025

Investimentos para Iniciantes: Por Onde Começar

Se você está lendo este artigo, é provável que já faça parte de uma grande transformação no Brasil.

Por WallStreet Team • 7 min de leitura
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Se você está lendo este artigo, é provável que já faça parte de uma grande transformação no Brasil. O número de pessoas físicas na bolsa de valores (B3) já ultrapassou a marca dos 8 milhões, um reflexo de que cada vez mais brasileiros entenderam uma verdade fundamental: deixar o dinheiro parado na poupança, diante de uma inflação persistente, é perder poder de compra.

Mas a pergunta que domina a mente de quem quer começar é: "Por onde?" O universo dos investimentos pode parecer um labirinto de siglas e promessas. A boa notícia é que o caminho para o investidor iniciante é mais simples e seguro do que parece.

Este guia é o seu mapa. Vamos passar, passo a passo, por tudo o que você precisa saber para dar seus primeiros passos com confiança e segurança.

Passo Zero: A Preparação Essencial (O Alicerce)

Antes mesmo de pensar em qual ação comprar ou qual fundo escolher, você precisa arrumar a casa. Ignorar esta etapa é como construir um prédio sem fundação.

Elimine Dívidas Caras: A especialista em finanças Nathalia Arcuri, fundadora do Me Poupe!, é enfática: "Não existe investimento que pague os juros do rotativo do cartão de crédito". Se você tem dívidas com juros altos (cartão, cheque especial), sua prioridade máxima é quitá-las. A economia com os juros que você deixará de pagar é o seu primeiro e maior "lucro".

1 Construa sua Reserva de Emergência: Este é o seu colchão de segurança, o dinheiro que cobrirá despesas inesperadas, como um problema de saúde ou a perda do emprego. Sem ela, você pode ser forçado a vender seus investimentos no pior momento possível.

Quanto guardar? O equivalente a, no mínimo, 6 meses do seu custo de vida mensal.

Onde guardar? Em um local ultrasseguro e que permita o resgate imediato (liquidez diária). As melhores opções são o Tesouro Selic ou um CDB de banco grande que pague 100% do CDI com liquidez diária.

Passo 1: Defina Seus Objetivos e Perfil

Investir por investir não funciona. Você precisa dar um propósito ao seu dinheiro. Seus objetivos determinarão os tipos de investimentos mais adequados.

Curto Prazo (até 2 anos): Uma viagem, a troca do celular. Exige segurança máxima.

Médio Prazo (2 a 5 anos): A entrada de um imóvel, a troca do carro. Exige segurança e um pouco de rentabilidade.

Longo Prazo (acima de 5 anos): Aposentadoria, independência financeira. Permite assumir um pouco mais de risco em busca de maiores retornos.

Em seguida, entenda seu perfil de investidor. Ao abrir conta em uma corretora, você preencherá um questionário que te classificará como conservador, moderado ou arrojado. Seja sincero. Isso evitará que você entre em investimentos que te tirem o sono.

Passo 2: Abra Conta em uma Corretora de Valores

Uma corretora de valores é a ponte que te conecta aos mais diversos tipos de investimentos. É como um grande supermercado financeiro, muito mais completo que a "prateleira" do seu banco tradicional.

O processo hoje é 100% digital, rápido e, na maioria das corretoras, gratuito para abrir e manter a conta. Algumas das mais conhecidas e confiáveis são XP Investimentos, Rico, NuInvest e BTG Pactual Digital.

Passo 3: Seus Primeiros Investimentos na Prática

Com a reserva de emergência montada e a conta na corretora aberta, é hora de começar a investir para seus objetivos. A regra para o iniciante é: comece pelo simples e seguro.

Renda Fixa: A Porta de Entrada

Aqui, a lógica é a de um empréstimo: você "empresta" seu dinheiro para uma instituição (governo ou banco) e recebe juros por isso. É o terreno mais seguro para começar.

Tesouro Direto: É o investimento mais seguro do Brasil, pois é garantido pelo Tesouro Nacional.

Tesouro Selic: Já mencionado para a reserva de emergência, ele acompanha a taxa básica de juros (Selic). Se os juros sobem, ele rende mais. Perfeito para segurança e liquidez.

Tesouro IPCA+: Este título é sua melhor defesa contra a inflação. Ele paga a variação do IPCA (índice oficial de inflação) mais uma taxa de juros fixa. Ideal para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria, pois garante que seu poder de compra aumentará com o tempo.

CDBs (Certificados de Depósito Bancário): Você empresta dinheiro para os bancos.

Procure por CDBs que paguem, no mínimo, 100% do CDI (uma taxa que anda colada na Selic).

São muito seguros, pois contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que assegura seu dinheiro em até R$ 250 mil por CPF e por instituição.

Renda Variável: Dando um Passo Adiante (com Cautela)

Para objetivos de longo prazo, vale a pena destinar uma pequena parte da sua carteira para a renda variável, que tem maior potencial de retorno (e maior risco).

ETFs (Exchange Traded Funds): São fundos negociados na bolsa como se fossem uma ação. Para o iniciante, é a forma mais simples e barata de diversificar.

O mais famoso é o BOVA11, que replica o Índice Bovespa. Comprando uma única cota de BOVA11, você está investindo, de forma indireta, nas mais de 80 principais empresas do Brasil.

Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs): Permitem que você invista no mercado imobiliário de forma simples e acessível.

Ao comprar cotas de um FII, você se torna "sócio" de grandes empreendimentos (shoppings, prédios de escritórios, galpões logísticos) e recebe, mensalmente, uma parte dos aluguéis gerados por eles, com isenção de imposto de renda.

Conclusão: O Segredo é a Consistência

O guru dos investimentos, Warren Buffett, tem uma frase famosa: "O mercado de ações é um dispositivo para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes". O sucesso nos investimentos não vem de tentativas de acertar a "grande tacada", mas sim da disciplina de investir um pouco todo mês (aportes constantes) e da paciência para deixar os juros compostos fazerem sua mágica ao longo do tempo.

Antes de falar sobre onde investir, precisamos entender como funciona a mente do investidor. Estudos mostram que 80% do sucesso nos investimentos está relacionado ao comportamento, não à escolha dos ativos.